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Altos preços da moda brasileira ajudam marcas internacionais, diz CEO da Kate Spade

Parte da coleção colorida e "pop" da marca norte-americana Kate Spade, que abriu loja temporária no shopping Iguatemi (SP) - Divulgação
Parte da coleção colorida e "pop" da marca norte-americana Kate Spade, que abriu loja temporária no shopping Iguatemi (SP) Imagem: Divulgação

CAROLINA VASONE

Editora de Moda, Beleza e Casamento do UOL

23/09/2011 19h18

Na semana passada, a grife norte-americana Kate Spade abriu uma loja temporária (ou “pop up store”) no Iguatemi, o shopping mais badalado de São Paulo. O ponto de venda, que funcionará até janeiro de 2012 e mudará de cor a cada mês (na abertura, estava inteiro rosa), foi montado menos de um ano depois da abertura da primeira loja da marca no Brasil, na Bela Cintra, nos Jardins (SP).

Segundo Graig Leavitt, CEO mundial da Kate Spade, o projeto de expansão desta grife pouco conhecida – pelo menos por enquanto – dos brasileiros continua. “Pretendemos abrir três lojas em São Paulo, além de um endereço no Rio, previsto para 2012”, diz Leavitt, que pensa em ter entre cinco e dez lojas no país no longo prazo, além da venda em multimarcas.

Criada há quase vinte anos, com estilo colorido e “pop”, a Kate Spade tem como carro-chefe as bolsas, usadas por celebridades como Sarah Jessica Parker e Sienna Miller. No Brasil, além dos acessórios, as roupas também têm seduzido as clientes. “Os consumidores brasileiros respondem muito bem às cores, a este espírito de alegria da marca”, afirma Leavitt.

  • Parte da nova coleção da Kate Spade na loja temporária do Iguatemi

A afinidade de gosto entre o que a grife propõe e o que as mulheres daqui gostam talvez ajude a explicar tamanho sucesso, que parece ultrapassar a preocupação com os limites do cartão de crédito. “Até agora não vimos qualquer resistência [por parte das brasileiras] em relação ao nosso preço no Brasil”, conta.

MAIS CARO QUE NOVA YORK

Outro fator importante é o valor cobrado pelas marcas de moda do Brasil, considerado alto se comparado ao das marcas locais de outros países, incluindo cidades caras como Nova York. “O que vi até agora é que os preços [das grifes nacionais] são ligeiramente mais altos em relação ao que temos nos Estados Unidos, mas acredito que isso ajude as marcas internacionais a entrarem no mercado de maneira mais equivalente, competitiva”, acredita.

Para um certo segmento de grifes (aquele que está naquele patamar inferior à Louis Vuitton e acima da Zara), o preço praticado pelas marcas brasileiras consideradas de luxo, ou mesmo um pouco abaixo disso, parece realmente significar um bom negócio. Exemplos como a própria Kate Spade, Diane Von Furstenberg e Lacoste, ainda que paguem cerca de 35% de taxa de importação sobre seus produtos de vestuário e calçados (dependendo do produto esta porcentagem pode variar) e outros custos como transporte da mercadoria, ainda conseguem competir com grifes como Reinaldo Lourenço, Maria Bonita, Huis Clos e até mesmo oferecer preços ameaçadores para jovens (e caríssimas) marcas como BôBô, Carina Duek e Juliana Jabour.

Não à toa, a primeira loja da América Latina da Kate Spade (ao todo são mais de 80 lojas, metade nos EUA) foi aberta em São Paulo. Antes até de mercados como o da Europa, onde a grife tem apenas duas lojas, inauguradas em agosto deste ano, na Inglaterra. Será que estamos tão ricos assim? “Macroeconomicamente, o Brasil é um mercado forte. O mais forte da América Latina e um dos mais fortes do mundo neste momento”, justifica o CEO americano.