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Crise na Lacroix suscita reflexão sóbria em desfiles de Paris

06/07/2009 16h51

Por Sophie Hardach

PARIS (Reuters) - Os desfiles de alta-costura de Paris começaram na segunda-feira em clima incomumente sério, com os problemas financeiros da maison Christian Lacroix obrigando o palco da moda mais extravagante do mundo a encarar a realidade econômica de frente.

  • AFP

    O estilista Christian Lacroix trabalha em seu ateliê antes da semana de alta-costura em Paris


Nas passarelas, vestidos bordados com paetês e com caudas longas indicavam luxo, mas no backstage a conversa era sobre os clientes de recursos agora escassos e sobre a crise que atingiu o estilista Lacroix, cuja maison está sob proteção contra seus credores e se esforça para encontrar comprador.

"As coleções dos anos 1990 e 2000, que giravam em torno do espetáculo -- isso tudo acabou", disse o estilista Stephane Rolland à Reuters antes de seu desfile, marcado por vestidos drapejados em tons suaves de branco, cinza e preto e casacos de alfaiataria com golas em pregas.

"Acho que os estilistas entenderam que a alta-costura precisa oferecer peças comerciais, vendáveis, mas excepcionais, é claro, trazendo o verdadeiro savoir-faire parisiense", disse Rolland.

Socialites norte-americanas, magnatas asiáticos e membros de famílias reais do Oriente Médio em busca de vestidos de noiva vêm mantendo ativas algumas maisons de alta-costura e suas oficinas parisienses, e na última semana de moda, em janeiro, essa base de fãs compareceu em peso.

Mas o destino da Lacroix, cujas sedas bordadas e vestidos-bolha antigamente eram um dos destaques dos desfiles em Paris, lançou uma sombra sobre a temporada atual.

No início de junho, depois de ser fortemente atingida pela queda global do consumo, a Lacroix ganhou proteção contra seus credores por um período de seis meses.

Comprada em 2005 pela família Falic, dona do grupo varejista americano Duty Free Americas, a maison apostou no prêt-à-porter de luxo em um momento impróprio e foi prejudicada pela queda forte nas vendas das lojas de departamentos nos EUA.

Uma representante da casa disse que ela fará um minidesfile na terça-feira, com 20 modelos e 200 convidados.

"Esperamos sinceramente que este não seja nosso último desfile. Isso vai depender de nossa maison ser comprada ou não", disse a representante em e-mail. "Isso deve ser decidido entre hoje e o final de julho."