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Última coleção de Alexander McQueen é festa de cores e alegria

09/03/2010 18h40

 Por Sophie Hardach

 

PARIS (Reuters Life) - A apresentação da coleção final do estilista britânico Alexander McQueen, na segunda-feira (8), semanas apenas após seu suicídio, revelou uma festa de cores e texturas, destacando seu talento e sua paixão pelo espetacular.

 

A mídia britânica informou que McQueen estava inconsolável devido à morte de sua mãe, no início do mês passado, e que tinha um histórico de depressão.

 

Suas criações para o Inverno 2010/11, porém, revelam o outro lado de sua personalidade: repleto de alegria e amor à vida.

 

Assistentes fizeram força para controlar as lágrimas enquanto assistiram a modelos com expressões impassivas desfilando - em pequenas apresentações para poucos convidados - roupas que seriam próprias para seres místicos.

 

Um casaco de penas douradas cobria parte de uma suave saia branca pregueada; um longo vermelho era enfeitado com milhares de discos dourados que farfalhavam a cada passo da modelo, e uma capa veneziana preta, bordada, evocava mistérios de capa e espada.

 

Traindo a inspiração nos grandes mestres da pintura, tecidos eram puxados de lado para revelar bordados dourados, uma saia de penas ou um vislumbre de pele. Estampas refletiam as fantasias sangrentas de Hieronymus Bosch, enquanto vestidos longos e flutuantes lembravam a doçura de uma Vênus de Botticelli.

 

Conhecido como o rebelde da moda, McQueen ficou famoso por ideias provocantes, como as calças de cós baixo e ar desleixado, mas seus trabalhos posteriores não foram tão chocantes e sim deslumbrantes, provocando um senso de encantamento.

 

Nas últimas semanas, varejistas vêm relatando um aumento grande nas vendas de suas roupas e acessórios. A coleção de outono estava quase pronta no momento em que McQueen se matou.

 

"Tudo foi inspirado e desenvolvido por Lee [primeiro nome do estilista], e todos os moldes foram cortados por ele", disse à Reuters o executivo-chefe da Alexander McQueen, Jonathan Akeroyd.

 

"Tudo já estava nas etapas finais, então foi preciso apenas finalizar as peças", disse Akeroyd após o desfile. "Tivemos quatro semanas para concluir o trabalho dele."

 

McQueen tinha visualizado um espetáculo extravagante. O desfile de sua coleção primavera, no ano passado, teve câmeras robóticas e modelos usando sapatos altíssimos com garras. Mas após seu suicídio, em Londres, em 11 de fevereiro, a maison optou por realizar o desfile num ambiente contido, numa mansão discreta próxima ao rio Sena.

 

"À luz do que aconteceu, decidimos que essa seria a maneira melhor de fazer o desfile, em um ambiente de perfil baixo". disse Akeroyd, acrescentando que ainda não está sendo aventado o nome de um sucessor de McQueen.