Manipulação da atividade cerebral muda julgamento moral, diz estudo

30/03/2010 11h45

O julgamento moral de uma pessoa pode ser alterado através da manipulação de uma região específica do seu cérebro com um campo magnético, segundo sugere um estudo realizado por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

 

No estudo, os cientistas partiram do princípio de que quando julgamos se uma ação é moralmente certa ou errada, nós nos apoiamos na nossa capacidade de compreender o estado mental da pessoa que a praticou.

 

Assim, os especialistas procuraram enfraquecer a atividade das células de uma região do cérebro que busca entender o estado mental de outros.

 

A área escolhida - chamada junção têmporo-parietal - fica localizada na parte acima e atrás do ouvido direito.

 

Primeiro, os pesquisadores usaram um campo magnético aplicado no couro cabeludo que produzia uma corrente fraca que bloqueia temporariamente a ação normal das células dessa área do cérebro de alguns voluntários e depois apresentaram eles algumas situações.

 

Culpado ou inocente

Em uma das situações, por exemplo, os voluntários tinham que julgar se consideravam um ato permissível ou condenável uma mulher servir café com açúcar para uma amiga em que o pó branco adicionado à bebida que tinha um rótulo de "tóxico".

 

Na história, a substância era açúcar mesmo e a amiga não morreu mas, como deveriam julgar sabendo das intenções da mulher que leu o rótulo que indicava que o pó poderia ser prejudicial à saúde da amiga? Os pesquisadores constataram que a habilidade dos voluntários de fazer um julgamento moral que exige a compreensão das intenções de outras pessoas - como nesta suposta tentativa de assassinato fracassada - ficou prejudicada.

 

Mesmo que a amiga não tenha morrido, a ação dela seria condenável ou não? Outro cenário perguntava aos voluntários se era permissível que um homem deixasse a namorada atravessar uma ponte que ele sabia não ser segura, mesmo que ela tenha conseguido fazer a travessia sem sofrer um acidente.

 

Em ambos os casos, um julgamento baseado somente no resultado da ação consideraria a mulher que ofereceu o café e o homem que permitiu a travessia da namorada isentos de culpa, mesmo que o comportamento dos dois parecesse ter a intenção de prejudicar outras pessoas.

 

Nestes dois casos, os cientistas descobriram que quando a junção têmporo-parietal tem seu funcionamento afetado, as pessoas têm maior probabilidade de julgar tentativas fracassadas de prejudicar outra pessoa como atos moralmente permissíveis.

 

A habilidade de interpretar intenções foi prejudicada e os voluntários se viram forçados a se concentrar mais nas informações sobre o desfecho da história ao fazer um julgamento.

 

O trabalho científico foi publicado na última edição da revista especializada "Proceedings of the National Academy of Sciences".

 

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