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Corredora compete grávida de 4 meses na prova de 800m; Pode isso?

Corredora competiu grávida de cinco meses - Reprodução/Instagram/alysiamontano
Corredora competiu grávida de cinco meses Imagem: Reprodução/Instagram/alysiamontano

Do UOL, em São Paulo

23/06/2017 19h44

Alysia Montaño, corredora norte-americana que foi campeã mundial no revezamento 4x800m pelos Estados Unidos em 2015, participou de seletivas para a prova dos 800m, em Sacramento, grávida de 5 meses.

A POLÊMICA

De acordo com o jornal espanhol Marca, a atleta afirmou que se inspirou em Gal Gadot, estrela do filme "Mulher Maravilha", que gravou metade do filme grávida de cinco meses. A atleta acabou chegando na última posição, mas afirmou não ter se arrependido de ter participado da prova. 

Além disso, esta foi a segunda vez que Montaño correu grávida - em 2014, ela havia corrido a mesma competição, só que na época estava com oito meses de gestação.

PODE ISSO?

A supertenista Serena Williams passou por uma situação parecida, mas disputando e vencendo um dos maiores torneios de tênis já grávida. Será que a gestante pode fazer esporte de impacto sem colocar o bebê em risco? De acordo com o obstetra Elvio Floresti Junior, a atividade física em si não é abortiva.

"Não vai dar descolamento na placenta, não vai ter mais ou menos chance de abortar por causa disso. O útero é bem protegido. Um exemplo é que ele é bastante mexido durante a relação sexual e não acontece nada ao bebê", explica.

Apesar de ressaltar que não é necessário deixar a prática esportiva, o médico recomenda uma diminuição do esforço. "Sempre orientamos as grávidas a diminuírem, mas não parar com o esporte. Por exemplo, se ela corre 40km por dia, aconselhamos a reduzir para 20km. Para uma pessoa normal é bastante, mas para um maratonista não é muito", afirma.

Ele próprio afirma já ter visto mulheres que disputaram maratonas estando grávidas. "Tenho uma paciente que, com 21 semanas de gestação, fez uma prova aquática de 25km em alto mar. Ela ficou quase sete horas nadando", revela o médico. "Mesmo não colocando o bebê em risco, a gravidez pode levar a mulher a não ter a mesma resistência de antes no esporte", diz.

De toda forma, o médico explica que o estresse não atrapalha a evolução da gestação, ao contrário do que muita gente acredita. "É muito comum às vezes as pessoas terem acidente, brigas ou separações na família durante a gestação. Isso para a gravidez não influencia em nada. Tem pessoas que acham que se a mãe ficar nervosa, o bebê vai nascer nervoso. Não: o bebê será nervoso se, durante a educação dele, você for uma pessoa estressada".