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Empreendedoras criam sócio de mentira para escapar de sexismo nos negócios

Kate Dwyer (à esquerda) e Penelope Gazin (à direita), fundadoras da Witchsy - Divulgação
Kate Dwyer (à esquerda) e Penelope Gazin (à direita), fundadoras da Witchsy Imagem: Divulgação

do UOL, em São Paulo

30/08/2017 10h28

Kate Dwyer e Penelope Gazin encontraram dificuldades tão grandes para serem levadas a sério apenas por serem mulheres ao fundarem a Witchsy — empresa que é um misto de e-commerce com curadoria de arte — que tomaram uma decisão inusitada e desesperada para fazer negócios: elas criaram um sócio do sexo masculino de mentira para ajudá-las nas transações.

Enquanto empreendedores do Vale do Silício são celebrados pela ousadia ao começarem suas próprias companhias, a dupla de artistas de Los Angeles conta que teve uma experiência bem diferente ao lançar sua marca. "Quando estávamos começando, éramos imediatamente questionadas: 'vocês estão certas disso?', 'parece mesmo uma boa ideia?'. Acredito que porque somos mulheres jovens, muitas pessoas olhavam para o que estávamos fazendo e pensavam: 'que hobby bonitinho!', 'que ideia fofa!'", disse Kate à revista americana Fast Company. 

Além disso, elas enfrentaram situações de assédio e sabotagem, como quando um programador contratado tentou apagar o site depois de Penelope se recusar a sair com ele. E as parcerias que tentavam formar, a princípio, com artistas que forneceriam criações para o projeto eram, muitas vezes, complicadas pela condescendência dos colaboradores. Homens, em sua maioria, eles respondiam pedidos de maneira desrespeitosa e com atraso. A frase mais ouvida por elas? "Tudo bem, meninas...".

Foi então que elas tiveram a ideia de criar a persona de Keith Mann, um personagem que serviria de sócio fictício nas conversas por e-mail. "Antes, eu demorava dias para ter uma resposta. Mas, do dia para a noite, Keith não só conseguia uma resposta e mais informações sobre o andamento do pedido, mas também era perguntado se ele gostaria de algo mais ou precisava de ajuda com alguma coisa", conta Kate. 

Um colaborador impressionou as fundadoras da Witchsy não só pela mudança de tom nos e-mails e pelo maior nível de envolvimento no projeto, mas também na capacidade de empatia com uma pessoa que não existia! "Toda vez em que ele falava com Keith, sempre o tratava pelo nome. Conosco, ele nunca usou nossos nomes". Kate ainda disse que ela e Penelope refletiram muito sobre a situação e que escolheram não permitir que a indignação as tirasse do mercado. "Continuamos querendo que o projeto aconteça". 

A plataforma acaba de completar seu primeiro e já vendeu o equivalente a US$ 200 mil, cerca de R$ 663 mil, em peças de artesanato e decoração, além de roupas e acessórios cult, bizarros, bem-humorados. 80% da renda retorna aos criadores das peças — artistas-parceiros selecionados pelas empresárias.