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Todo mundo que faz quimioterapia perde os cabelos? Veja mitos e verdades

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Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

23/07/2017 04h05

O câncer é uma doença delicada e que, segundo estimativas divulgadas pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer), só em 2017 será diagnosticada em 600 mil brasileiros. Se não bastasse o temor provocado pela doença em si, o tratamento também é cercado de desconhecimento. A quimioterapia, um dos principais recursos indicados no seu combate, ainda levanta diversas dúvidas.

“Muitos pacientes sofrem antecipadamente com perdas que talvez nem ocorram, como a queda dos cabelos. Por isso, a informação é uma aliada fundamental”,  explica o doutor Claudio Ferrari, da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), que, recentemente, divulgou uma lista com as principais questões acerca da quimioterapia. Na lista abaixo, veja quais são as dúvidas mais frequentes em volta do tratamento:

Mitos e verdades sobre a quimioterapia

  • O que é a quimioterapia?

    É um método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos, segundo descrição do Inca (Instituto Nacional de Câncer). O tratamento visa eliminar células de rápido crescimento e pode ser oral, intravenoso, subcutâneo, seu tipo dependerá do câncer e remédio utilizado pelo paciente. Inclusive, as medicações podem ser usadas combinados, individualmente e podem ser trocados durante a quimio, mudando de acordo com a sensibilidade e resposta a cada droga.

  • Meu cabelo vai cair?

    Depende. A queda dos fios vai de acordo com o medicamento que o paciente recebe. O remédio, por sua vez, depende do tipo do câncer e sua expansão. Se o produto é mais agressivo e agride o folículo capilar, pode ter queda. Neste caso, as madeixas podem cair em diferentes graus, de apenas alguns fios para perda de todos os cabelos. De acordo com Ferrari, medicamentos como doxorrubicina e epirrubicina são os principais causadores da queda dos fios.

  • Touca térmica evita queda de cabelo?

    Verdade, o aparelho reduz a queda. Em resposta ao frio (a touca fica com temperatura de cerca de 17ºC), os vasos sanguíneos do couro cabeludo se comprimem e o fluxo de sangue na região diminui. Irrigando menos o couro cabeludo, menores são as chances do remédio chegar até os folículos capilares e fragilizar a região. A touca mais eficaz é a ligada em uma máquina, como se fosse um refrigerador, que resfria o couro cabeludo um pouco antes, durante e pouco depois da quimioterapia, explica Mariana Laloni, oncologista do Centro Paulista de Oncologia.

  • Terei náuseas e vômitos frequentes?

    Esses efeitos colaterais são cada vez mais raros. Segundo Ferrari, os sintomas dependem de uma série de fatores, sendo os mais importantes o tipo de medicamento e a sensibilidade do paciente. "As drogas mais recentes causam menos náusea, são mais modernas. Elas agem no problema específico do paciente e têm seus efeitos colaterais reduzidos. Além disso, já contamos com ótimos remédios de apoio que diminuem a náusea e o vômito durante e depois da quimioterapia", completa o oncologista.

  • Sexo está proibido durante o tratamento?

    "Sexo não é proibido. Por precaução, indicamos o uso de preservativo e outros métodos anticoncepcionais", diz Mariana. Em fases do ciclo da quimioterapia o paciente pode ter quedas na imunidade e ficar mais suscetível às infecções, por isso é importante minimizar os riscos com a camisinha. "Além disso, evitar a gravidez é necessário, tanto para homens quanto mulheres, já que os remédios usados no tratamento causam riscos de má formação do bebê", afirma a oncologista.

  • A quimioterapia deixa estéril?

    Alguns medicamentos realmente determinam um risco elevado de esterilização. Porém, atualmente, existem diferentes técnicas laboratoriais que podem preservar a fertilidade tanto do homem quanto da mulher e viabilizar uma futura gravidez, em muitos desses casos.

  • Posso ficar com meu bicho de estimação?

    Pode, com bom senso. Os pets trazem alegria ao paciente e ajudam na autoestima e redução no estresse. Mas é preciso ter cuidado em função do maior comprometimento do sistema imunológico. Você pode deixar o cachorro em casa, mas não precisa beijá-lo ou deixá-lo dormir na cama.

  • Tudo bem ir ao salão de beleza?

    Sim, só é recomendável evitar a retirada de cutículas, pelo risco de inflamações e infecções que podem atrasar o tratamento. Em relação ao uso de tinturas, não há contraindicações, desde que não causem irritação ou alergia. O conselho é evitar tratamentos com muita química, para ajudar os cabelos a ficarem o mais saudáveis e fortes possível.

  • Vou engordar?

    A "quimio" não influencia diretamente no ganho de peso. O que acontece é que os remédios podem causar alterações hormonais durante o tratamento. Estas mudanças afetam o metabolismo e pode ficar mais fácil de engordar. É importante o paciente discutir com o médico sua dieta e rotina de exercícios.

  • Devo ficar isolado durante o tratamento?

    Na maioria dos casos, isso não é necessário, só é indicado em situações especiais. Por exemplo, caso o tratamento seja composto por remédios que causem queda de glóbulos brancos no sangue, comprometendo a resposta do organismo contra infecções, é comum que os pacientes sejam orientados a evitar aglomerações.