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Governo britânico pede que revistas evitem 'dietas milagrosas' pós-Natal

Após excessos no Natal, muitos querem iniciar dietas logo após período de festas - Reuters
Após excessos no Natal, muitos querem iniciar dietas logo após período de festas Imagem: Reuters

27/12/2012 14h27

Uma representante do governo britânico escreveu uma carta para editores de revistas de comportamento em que pede a eles que não promovam dietas milagrosas nas semanas posteriores ao Natal porque elas representam um "risco à saúde".

Em carta aberta, a secretária-adjunta da Igualdade, Jo Swinson, pediu às revistas que "eliminem as dietas da moda e os mitos da boa forma" das edições de janeiro.

No lugar desse tipo de artigo, a britânica sugere que as publicações deveriam "celebrar a beleza da diversidade de formatos de corpos, cores, tamanhos e idades".

Swinson é uma das fundadoras da Campaign for Body Confidence, campanha que tenta incentivar as pessoas a se sentirem confortáveis e seguras em relação ao próprio corpo.

A carta foi enviada a revistas femininas e masculinas, assim como publicações ligadas a saúde e celebridades.

Consequências negativas

Após os excessos gastronômicos do Natal, muitas pessoas usam a chegada do Ano Novo como desculpa ou motivação para fazer regimes, perder peso e ficar em forma.

"Tenho certeza de que vocês querem promover um estilo de vida saudável entre seus leitores, mas, particularmente nesse período do ano, muitas revistas tendem a colocar seu foco em soluções irresponsáveis, de curto prazo, encorajando leitores a entrar na onda das dietas da moda", diz a carta de Jo Swinson.

"Como editores, vocês devem mais aos seus leitores do que a promoção descuidada de soluções pouco saudáveis para a perda de peso", acrescenta.

"Se seu objetivo é dar conselhos práticos e sensatos sobre como perder peso - e não sobre como perder seis quilos em cinco dias - vocês deveriam promover expectativas razoáveis, em vez das perigosas, aliadas a exercícios e alimentação saudável."

Em entrevista à BBC após a divulgação da carta, a ministra disse ser contrária "a qualquer dieta que encoraje você a perder peso em velocidade milagrosa, ou seja, em velocidade pouco saudável, ou a cortar grupos de alimentos (carboidratos, proteínas ou gorduras) ou pular refeições".

"Essas dietas da moda podem na verdade ter consequências negativas para a saúde e, de qualquer forma, a maioria das dietas não funciona", afirma Swinson.

Especialistas em dietas ouvidos pela BBC dizem que, de fato, cortar grupos de alimentos gera desequilíbrios nutricionais que podem prejudicar o organismo.

E, quando uma pessoa perde peso muito rapidamente, a tendência é que ela recupere os quilos que perdeu - também com rapidez, segundo os pesquisadores.

Conselho confiável

Ao comentar a carta da representante do governo britânico, Jane Johnson, ex-editora das revistas Closer e Fabulous, disse à BBC que as publicações se preocupam com seus leitores e são bastante cuidadosas em relação aos conselhos que publicam.

Segundo Johnson, a maioria das revistas hoje é influenciada por filosofias de bem-estar "holístico" (ou seja, que abordam o organismo humano como um sistema completo, em vez de separá-lo em partes).

Para a jornalista, hoje o pensamento mudou e as revistas buscam a confiança e a lealdade dos leitores.

Por isso, avalia Johnson, artigos que propõe dietas da moda são vistos como "irresponsáveis".