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Ferimentos diurnos cicatrizam mais rápido que os noturnos, mostra pesquisa

As células responsáveis pela cicatrização da pele reagem melhor no período diurno - BBC
As células responsáveis pela cicatrização da pele reagem melhor no período diurno Imagem: BBC

James Gallagher

Da BBC News

09/11/2017 10h52

O trabalho, do Laboratório de Biologia Molecular MRC, do Reino Unido, mostra que queimaduras ocorridas à noite demoram uma média de 28 dias para cicatrizar, enquanto as ocorridas durante o dia levam 17.

Os pesquisadores se disseram espantados com a diferença, observada em 118 pacientes avaliados em unidades de queimaduras do sistema público de saúde britânico, o NHS.

Esse resultado é explicado pela influência do relógio biológico sobre as células humanas em um ciclo de 24 horas.

O estudo, publicado na revista Science Translational Medicine, mostrou que os fibroblastos, células do tecido conjuntivo acionadas para a cicatrização, mudavam sua capacidade de atuação durante períodos de 24 horas - à noite, perdiam em capacidade de reação.

John O'Neill, um dos pesquisadores, disse à BBC: "É como em uma corrida de 100 m. O atleta que parte dos blocos de largada, em posição e pronto para sair correndo, sempre vai bater o corredor que parte parado em pé".

Ajuda em cirurgias

Os pesquisadores acreditam que essa descoberta poderá ser aproveitada para melhorar cirurgias.

Algumas drogas, como o hormônio cortisol, podem reajustar o relógio biológico das células e ser úteis em procedimentos noturnos.

E o relógio biológico de todo mundo funciona de uma maneira ligeiramente diferente, cada um tem um cronotipo. Então, pode fazer sentido agendar uma operação que esteja em sintonia com o ciclo circadiano do paciente.

A descoberta da pesquisa pode fazer com que cirurgias sejam agendadas de acordo com o funcionamento do relógio biológico de cada pessoa - iStock - iStock
A descoberta da pesquisa pode fazer com que cirurgias sejam agendadas de acordo com o funcionamento do relógio biológico de cada pessoa
Imagem: iStock

Mas tudo isso ainda não foi testado.

Segundo John Blaikley, médico cientista da Universidade de Manchester, há uma carência, nos sistemas de saúde, de terapias eficazes para cicatrização.

"Levando em conta esses fatores do ciclo circadiano, não apenas novas drogas podem ser identificadas, como poderá ser aumentada a eficácia de terapias existentes mudando a hora do dia em que elas são aplicadas", diz ele.