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Dieta de restrição aos carboidratos

Isabela Leal e Ana Paula Rafanini

Para o UOL Ciência e Saúde

04/01/2010 07h00

O que propõe
Em geral todos os tipos de low carb pregam o baixo consumo de carboidratos, sob o argumento de que se trata de um grupo alimentar rico em energia. Após os primeiros dias da dieta sem os carboidratos, quando o corpo costuma guardar toda a gordura que produz, o processo se inverte e o excesso de gordura é transformado em energia.

Nessa dieta, o organismo utiliza primeiro a reserva de glicose armazenada no fígado e nos músculos e depois a gordura do corpo, para produzir a energia necessária para o dia-a-dia, daí a rápida perda de massa muscular – por causa da energia roubada do organismo. “Nesse processo, utiliza-se a gordura do corpo e em seguida há a liberação de substâncias na corrente sanguínea, que exigem maior ingestão de líquidos para serem eliminadas pelos rins. O fígado também passa a trabalhar mais, já que sente diretamente a falta de glicose. Sendo assim, a pessoa pode se sentir fraca com a perda da massa muscular e de gordura, além de sobrecarregar rins e fígado”, esclarece a nutricionista Lara Natacci, de São Paulo.

O tipo de low carb que permite apenas o consumo de proteínas pode ser o mais arriscado para a saúde, pois a pessoa pode ter uma queda de metabolismo e conseqüentemente um aumento de peso. Quem escolhe seguir uma low carb deve saber que o resultado mais evidente será a definição muscular, já que as proteínas favorecem a formação de músculos.

“Nesse caso, o primeiro benefício de quem está acima do peso não será o emagrecimento e sim a definição dos músculos, que por perderem glicose extra, secam e ficam mais definidos”, justifica a nutricionista Carolina Morais, de Goiânia. De qualquer maneira, por conta dos efeitos paralelos, não é recomendado seguir esse cardápio por mais de cinco dias.

Como é feita
Na low carb, as proteínas são prioridade no cardápio, como carnes, queijos, ovos, peixes, soja e feijão. Para perder peso e não apenas alcançar definição muscular, é melhor escolher os itens com menos gordura, como queijos e carnes magras, e ainda as vegetais como soja, feijão, grão-de-bico, ervilha e lentilha.

A pessoa deve restringir ou excluir (vai depender do tipo de low carb escolhido) os alimentos ricos em carboidratos como os cereais, pães, massas, biscoitos, arroz e tubérculos. “Eu não recomendo que se faça essa dieta sem acompanhamento de um médico, que com certeza irá medir o nível de colesterol e ácido úrico de seu paciente”, alerta Natacci.

Portanto, pode se comer quantas vezes sentir vontade no dia, porém, ao invés de perder peso, se ganha massa muscular. “Não há limitação de número e de tempo entre as refeições, pois a restrição não é quantitativa, e sim qualitativa”, explica a nutricionista.

No café da manhã coma leite e derivados, já à tarde, ovos e embutidos como presunto e peito de peru. No almoço e jantar são indicadas as hortaliças, queijos, feijão, lentilha, soja e carnes em geral.

Promessa
Vai depender do metabolismo de cada um. A dieta pode ter efeito durante a restrição dos carboidratos, mas quando eles voltam à alimentação, o peso perdido pode ser recuperado.

Contraindicação
Pode se desenvolver altos níveis de ácido úrico e perda de potássio. Natacci explica que a cetose (metabolismo decorrente da transformação da gordura em ácido pelo fígado) pode levar a quadros mais graves, como lesões hepáticas e renais. “Além disso, pode causar desidratação e perda muscular, a pessoa geralmente sente muita fadiga”.

“Eu Fiz”
“A intenção era definir meus músculo. Reduzi carboidratos para meu corpo consumir sua própria energia. O programa durou pouco mais de um mês e, apesar de não sentir dificuldades para seguir o cardápio, não gostei muito de ter perdido massa. Isso aconteceu porque eu não soube selecionar corretamente os tipos de carboidratos que consumi, ou seja, acabei ingerindo alimentos com muita gordura, massas, batata e arroz. Em quatro semanas perdi seis quilos, e agora mantenho o peso evitando exageros e comendo a cada três horas. No almoço e no jantar consumo proteínas e carboidratos, alternando entre batata, macarrão, frango e carne. Nas outras refeições, opto pelo pão de forma com peito de peru, iogurte desnatado, granola e barrinhas de cereal, ricas em fibras. Eu repetiria a dieta, mas adaptaria o cardápio, incluindo mais proteínas, pois não foi suficiente para construir a massa muscular que eu desejava.”
Thiago Ribeiro, 24 anos, atleta de Osasco

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