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Brasileiros consomem mais de 15 milhões de litros de refrigerante por dia, aponta IBGE

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde

28/07/2011 10h00

O arroz e feijão ainda compõe a base principal alimentação do brasileiro, mas refrigerantes e bolachas recheadas ganham espaço e marcam a dieta nacional como sendo de alto teor energético, mas com poucos nutrientes.

É o que mostra o estudo “Análise de Consumo Alimentar Pessoal no Brasil” da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira (28).

O feijão figura como principal alimento do brasileiro, com 182,9 g por dia; a seguir vêm o arroz (160,3g/dia) e a carne bovina (63,2 g/ dia). Sucos (145,0 g/ dia), refrigerantes (94,7 g/ dia) e café (215,1 g/ dia) também estão no topo da lista.

ALIMENTOS MAIS CONSUMIDOS NO BRASIL

 Alimento(g/dia)
1Café215,1
2Feijão182,9
3Arroz160,3
4Sucos145
5Refrigerante normal94,7
6Carne bovina63,2
7Pão de sal53
8Sopas e caldos50,3
9Aves36,5
10Macarrão36,3
11Leite integral34,7
12Chá31,3
13Cerveja31,1

O consumo de refrigerante normal por dia mais o de refrigerante diet (5,5g/dia), multiplicado pelas mais de 160 milhões de pessoas com 10 anos ou mais estimadas na pesquisa, totaliza mais de 15 milhões de litros por dia.

Assim, bebidas adoçadas ultrapassam os limites de consumo ideais por dia, enquanto frutas, verduras e legumes apresentam taxas abaixo do indicado: menos de 10% das pessoas atingem as recomendações.

Vale destacar que 61% da população consome açúcar em excesso, 82%, gordura saturada acima do ideal e mais de 70%, sódio acima do tolerável.

O baixo consumo de fibras está presente em 68% da população. Estes dados, para o IBGE, confirmam os grandes percentuais de inadequação da alimentação da população brasileira.

Entre os grupos de alimentos estudados, o biscoito recheado destacou-se como um dos mais importantes marcadores de consumo não saudável, seguido pelos refrigerantes, doces, pizza e salgadinhos industrializados.

Quem consumia biscoito com recheio, também ingeria mais calorias no final do dia. A má notícia é que grande parte desta energia vem da gordura e do açúcar.

Segundo o órgão, o alto consumo de alimentos com adição de açúcares pode substituir e/ou reduzir o consumo de alimentos importantes para uma alimentação saudável.

Biscoito recheado, doces, pizza, salgadinhos industrializados, suco, bolo, refrigerante, biscoito doces e salgados se relacionam com o consumo médio elevado de açúcar (em gramas), enquanto feijão, arroz integral, aves, carne bovina, biscoito salgado, legumes e verduras associam-se a médias taxas de consumo de açúcar.

Os homens comem menos verduras, saladas, frutas e doces do que as mulheres. Já o consumo de cerveja e bebidas destiladas deles é, aproximadamente, cinco vezes maior do que o delas.

Outra característica encontrada é que quanto maior a classe social, maior é o consumo de alimentos não saudáveis, embora aumente também a ingestão de frutas e verduras. O consumo de refrigerantes aumenta com a renda e o refrigerante diet é quase inexistente na dieta das menores classes.

As classes de baixa renda comem mais arroz, feijão, batata-doce e milho, por exemplo. O consumo de peixe fresco, peixe salgado e carne salgada é ligeiramente maior na menor faixa de renda.

Fora de casa

Aproximadamente 16% da ingestão calórica total do dia é feita fora de casa. O homem, que mora em áreas urbanas, na região Sudeste e com maior renda familiar são os que mais comem fora.

A alimentação fora de casa se caracteriza por participação importante dos refrigerantes, cerveja, sanduíches, salgados e salgadinhos industrializados e pizzas.

Por regiões

Comparando as cinco regiões do país, percebe-se que a farinha de mandioca é preferida de mais de 40% da região Norte e por menos de 5% das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O consumo de açaí e peixe fresco ocorreram quase que exclusivamente na região Norte.