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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Máscara que simula altitude é nova mania entre adeptos da malhação

Lizzi Benites divulga imagem em que aparece usando a máscara enquanto faz abdominal com o auxílio de um saco de boxe - Instagram/Reprodução
Lizzi Benites divulga imagem em que aparece usando a máscara enquanto faz abdominal com o auxílio de um saco de boxe Imagem: Instagram/Reprodução

Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

18/07/2013 07h00Atualizada em 18/07/2013 18h21

A ex-panicat Lizzi Benites chamou atenção quando publicou no Instagram, rede social de compartilhamento de fotos, uma imagem em que aparece fazendo exercícios com uma máscara cobrindo o rosto. A ex-panicat começou a usar a Training Mask 2.0 sob a orientação do personal trainer Rogério Sthanke para potencializar os resultados dos treinos. Vendida com a proposta de simular altas altitudes, os educadores físicos que utilizam a máscara afirmam que ela aumenta o gasto calórico, a frequência cardíaca e a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue. No entanto, fisiologistas ouvidos pelo UOL Dieta e Boa Forma questionam a capacidade da máscara em diminuir o percentual de oxigênio no ar inspirado.

"O ar que eu respiro agora tem 21% de oxigênio e se eu pegar um recipiente com meio litro de ar, ele continua tendo 21% dessa substância", explica Jomar Souza, especialista em Medicina do Exercício e do Esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Para a máscara reduzir a proporção de oxigênio, diz o especialista, ela teria que estar ligada a um aparelho. Souza afirma que, para aumentar os glóbulos vermelhos na corrente sanguínea e, assim, favorecer a musculatura, a redução do percentual de oxigênio é essencial.

“No passado, alguns estudos foram feitos com câmaras hiperbáricas em que o atleta ficava por algumas horas para se adaptar a altas altitudes, mas não adiantava, pois a adaptação era pequena”, pondera Luciano Capelli, professor e fisiologista do Centro de Medicina da Atividade Física da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ainda que a máscara falhe em simular altas altitudes, ela diminui a oferta de ar durante as atividades físicas, o que torna a respiração mais difícil e exercita a capacidade pulmonar. "No começo é estranho porque você não está acostumado. Uma aluna minha sentiu dificuldade pra respirar, ficou um pouco tonta e, depois do treino, ficou com um pouco de dor no peito. Mas depois do segundo treino já ficou mais fácil", conta o personal trainer Francisco Dragone, que também importou a máscara.

Antes de usar com os alunos, Dragone testou a máscara durante o treino de musculação e na corrida. "Notei que a frequência cardíaca aumentou de 20 a 30% e isso melhora o gasto calórico, além do condicionamento físico", justifica. Para Capelli, no entanto, a perda calórica não tem relação com a dificuldade maior ou menor de se respirar.

  • A máscara não machuca ou incomoda e pode ser adquirida pelo site do fabricante por US$79 doláres

Treino avançado

Sthanke conheceu a Training Mask por alguns amigos que praticam MMA e atletas de alto rendimento. Ele afirma que os alunos precisam passar por uma avaliação antes de usar a máscara. "Não há uma contraindicação para usar o dispositivo, mas não é qualquer aluno que está preparado para usá-la. É mais para os avançados que já tem um bom condicionamento físico", recomenda.

Alguns alunos também podem ter fobia de usar a máscara durante os exercícios físicos. "Uma aluna minha tinha um nível ótimo, mas sentia fobia quando colocava a máscara na boca e ela acabou não se adaptando", exemplifica Sthanke. Os personal trainers ouvidos pelo UOL Dieta e Boa Forma garantem que a máscara não machuca e não incomoda. "Ela é superprática e tem duas partes, uma de plástico, que vai na boca, e a parte de velcro, que passa entre as orelhas. É preciso higienizar com álcool gel, além de lavar essa parte de tecido, que fica em contato com uma área de bastante suor", indica Dragone.

É possível adquirir a Training Mask 2.0 pelo site do fornecedor por US$79 dólares. "Mas já tem alguns representantes que oferecem o dispositivo aqui no Brasil por R$ 240", destaca Sthanke. 

E no futebol?

Como o dispositivo não diminui o percentual de oxigênio no ar inspirado, ela tem pouca eficiência para os jogadores de futebol que vão para locais com grande altitude, como a Bolívia. Procurados pelo UOL Dieta e Boa Forma, os clubes Grêmio, Atlético Mineiro e Palmeiras afirmaram que não fazem uso dessa máscara para adaptação.

"Ela não é uma máscara eficiente para adaptar a altitude, mas sim para treinar a musculatura ventilatória e melhorar a eficiência do pulmão. Mas ainda assim a eficácia desse dispositivo é discutível", finaliza Paulo Zogaib, fisiologista do Palmeiras e especialista em Medicina Esportiva e Fisiologia do Exercício.