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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Veias saltadas viram motivo de orgulho; mas será que a mania é saudável?

Três fatores colaboram para o surgimento das veias: baixo índice de gordura corporal, prática constante de exercícios e propensão genética - iStock
Três fatores colaboram para o surgimento das veias: baixo índice de gordura corporal, prática constante de exercícios e propensão genética
Imagem: iStock

Ana Elisa Faria

Colaboração para o UOL

25/11/2016 07h20

Ter as veias saltadas, assim como já conhecido abdômen “rasgado”, está virando um novo desejo do mundo fitness. Gracyanne Barbosa, Bella Falconi, Penélope Nova, Marcos Mion e diversos “marombeiros” já ostentam nas redes sociais fotos de braços, pernas e mãos musculosas e com vasos protuberantes.

Porém, não é qualquer um que pode exibir por aí a vasodilatação --alargamento dos vasos sanguíneos. De acordo com o médico do esporte Samir Salim Daher, diretor do departamento de medicina esportiva do Clube Pinheiros, em São Paulo, a combinação de três fatores colabora para isso: o baixo índice de gordura corporal, a prática constante de atividade física --principalmente a musculação-- e a propensão genética.

“Quando o indivíduo está se exercitando, as frequências cardíaca e respiratória ficam mais aceleradas, aumentando o aporte sanguíneo. O músculo, por sua vez, demanda mais nutrientes, como o oxigênio e o glicogênio, porque está trabalhando rapidamente, o que faz crescer a quantidade de sangue circulando [nas veias]”, explica Daher. O músculo também fica enrijecido e com o tônus maior. “Essa contração acaba empurrando a veia [já existente] às superfícies musculares.”

E esses vasos continuam em relevo por tempo indeterminado, mesmo que a prática de exercícios não aconteça. “Cada um reage de uma maneira. Eles podem desaparecer em 24 horas, como permanecer até um mês”, conta. Mas não basta apenas malhar para ter as veias aparentes. “Existe ainda a condição genética e, além dela, a baixa concentração de gordura no corpo, que, para um não atleta, varia entre 12 e 14%”, complementa.

Muitas vezes, ao postarem imagens que mostram a vasodilatação, as celebridades do universo da malhação recebem críticas e questionamentos. Afinal, é prejudicial à saúde? Segundo Daher, não. “Se fizer parte de um processo fisiológico do exercício, não faz mal algum. No entanto, se a pessoa [mulheres, principalmente] é sedentária, fuma, toma pílulas anticoncepcionais e tem vasos salientes, pode ser sinal de alguma patologia, como as varizes. Nesse caso, é indicado procurar um cirurgião vascular.”

Flávia Akemi - Divulgação/Flávia Akemi - Divulgação/Flávia Akemi
Flávia Akemi diz que os vasos surgiram três meses após começar a malhar
Imagem: Divulgação/Flávia Akemi

A preparadora física Clóe Celentano, membro da Sociedade Brasileira de Personal Trainers, comenta que, com o intuito de ficar com os vasos saltados, há quem faça séries de exercícios com mais peso e repetições exageradas, além de usar anabolizantes, atitudes que ela condena.

O diretor técnico da rede de academias Bodytech, Eduardo Netto, também reprova os praticantes que colocam cargas extremamente grandes e prendem a respiração enquanto treinam. “São besteiras que muitos fazem. Por isso, a orientação profissional é importante”, diz.

A auxiliar administrativa Flávia Akemi, 26, vai à academia há quatro anos e conta que nunca malhou com o objetivo de ter as veias proeminentes. “Na infância, fiz ginástica olímpica e sempre me exercitei, com a intenção de melhorar minha condição física”. Três meses após começar a ginástica, os vasos apareceram.

“Foi natural. Eles ficaram mais visíveis quando emagreci, assim que acertei uma dieta com seis refeições diárias à base de proteína --frango ou clara de ovos--, vegetais e carboidratos de baixo índice glicêmico [nível de açúcar no sangue], como batata-doce e aveia. Acho que a genética também contou, já que meu pai tem bastante vasodilatação." Hoje fisiculturista, Flávia exibe seus músculos e veias relevadas em apresentações da categoria fitness coreográfico.