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Quatro pessoas relatam como encontraram o caminho para emagrecer

"Nunca mais terei vergonha do meu corpo novamente, nunca", diz Binstock que, após muitas tentativas, conseguiu perder 25 quilos - Kayana Szymczak/The New York Times
"Nunca mais terei vergonha do meu corpo novamente, nunca", diz Binstock que, após muitas tentativas, conseguiu perder 25 quilos Imagem: Kayana Szymczak/The New York Times

Gina Kolata

Do The New York Times

21/12/2016 16h19

Todo especialista em medicina de obesidade já viu isso acontecer: alguém que tentou repetidamente e não conseguiu emagrecer ou manter-se magro. O que acontece é que estava tentando a coisa errada, já que não existe um método para emagrecer que funcione para todos. Aqui estão algumas pessoas que finalmente encontraram um plano de emagrecimento que funcionou:

Connie Anne Phillips: dieta de baixa carga glicêmica

O peso de Connie foi aumentando gradualmente na idade adulta e as tentativas de controlá-lo não deram em nada. Como editora e diretora de receita da revista “Glamour”, ela precisava receber clientes no café da manhã, para almoços ou jantares. A perda de peso parecia uma impossibilidade.

Em 2011, consultou o Dr. Louis Aronne, especialista em Medicina da Obesidade no Centro Médico New York-Presbyterian/Weill Cornell em Manhattan. Ele sugeriu um plano de emagrecimento que lhe permitisse manter seu estilo de vida. O método foi uma dieta de baixo índice glicêmico, escolhendo alimentos que mantivessem o açúcar no sangue em níveis baixos.

"Tive que aprender a fazer as escolhas certas", disse Connie, de 51 anos. Ela começou a optar por proteína em vez de carboidratos. Ela adora macarrão, mas agora come um peixe ou frango grelhado antes dele. "Hoje, não começo o dia com um copo de suco e um bagel", disse ela. Em vez disso, come clara de ovos com legumes ou um iogurte grego com baixo teor de gordura. Dez quilos se foram e ela se mantém assim sem esforço.

Scott Goldshine: um remédio que combate os desejos

Quando chegou para sua primeira consulta com uma especialista em Medicina de Obesidade, em abril de 2014, Goldshine tinha certeza de que sua única esperança era a cirurgia bariátrica. Ele sempre foi um jovem magro --seu apelido era Bones (ossos, em inglês)--, mas por volta dos 30 anos começou a engordar e simplesmente não conseguia interromper o implacável processo.

Com 1,70 m de altura, ele logo chegou a 120 kg. "Eu me sentia completamente infeliz", disse Goldshine, 56 anos, a ponto de não dar muita importância quando Aronne disse: "Acho que posso ajudá-lo". Ele era --e ainda é-- gerente geral da Zabar, famosa delicatessen de Nova York, passa o dia perto da comida que ama e seus desejos eram implacáveis.

"Não conseguia chegar ao balcão dos pães sem comer umas fatias e um pouco de rugelach", disse. Mas isso era só o começo. Havia o "pedação de bolo" quase todos os dias. Os biscoitos que pegava das travessas. Os "sanduíches gigantes". Até os clientes notaram seu ganho de peso. "Eles chegavam, encostavam a mão na minha barriga e diziam: 'Você está engordando'", disse Goldshine.

Aronne viu algo interessante nos registros do paciente: ele tomava pioglitazona para diabetes, uma droga que faz com que algumas pessoas engordem. Aronne o substituiu pelo Invokana, remédio que pode contribuir para a perda de peso --e Goldshine emagreceu um pouco. Aronne acrescentou, então, uma droga que combina o antidepressivo bupropiona e um medicamento usado para combater o desejo por drogas, a naltrexona. Segundo ele, essa opção surgiu, porque pacientes costumam dizer que ela ajuda a desligar o pensamento constante em comida.

Funcionou. "Faço praticamente a mesma dieta, mas como bem menos", disse Goldshine. Ele perdeu cerca de 34 quilos e se manteve assim sem muito esforço consciente.

Eric Scarmardo: contagem implacável de calorias

Para Scarmardo, 53 anos, gerente de uma empresa de gestão de benefícios de Chicago, a solução para o problema de peso teimoso e que o frustrava tanto acabou sendo simples, mas levou anos para que descobrisse.

Tudo começou quando tinha 25 anos: havia acabado de se formar em Direito e trabalhava, segundo ele, "uma quantidade ridícula de horas" para uma grande empresa de Chicago, comendo sem pensar. Em um ano, seu peso chegou a quase cem quilos --ele mede 1,78 m. Dez anos mais tarde, chegou a pesar cerca de 135 quilos.

Scarmardo tentou várias vezes perder peso com uma dieta elaborada e programas de exercícios, que normalmente duravam cerca de uma semana. Finalmente, foi a uma consulta com o Dr. Robert Kushner, especialista em medicina obesidade da Escola de Medicina da Universidade Feinberg Northwestern.

"A primeira coisa que ele me disse era que as calorias são importantes." Kushner insistiu para que ele mantivesse um diário detalhado do que comia, pesando e medindo cada pedaço. "Foi difícil no começo, mas agora é parte da minha rotina", disse Scarmardo. Ele chega até a pedir que os restaurantes pesem a comida antes de servi-la. Ele emagreceu 42 quilos e se mantém assim há 2,5 anos.

R.C. Binstock: uma combinação de drogas que controla o apetite

Binstock, romancista e escritor técnico de 58 anos em Cambridge, Massachusetts, sempre foi pesado. Ele tinha vergonha e aceitava o ponto de vista crítico dos outros. "Sou gordo porque sou fraco, sou gordo porque sou inadequado. Sou gordo porque sou moralmente fraco", dizia ele a si mesmo.

Então, em uma consulta com o Dr. Sriram Machineni no Hospital Geral de Massachusetts em Boston, há dois anos, ele jurou que aquela seria sua última tentativa antes da cirurgia bariátrica. O médico sugeriu uma mudança no estilo de vida. Binstock recusou. Ele já fizera de tudo e nada ajudava.

Machineni partiu, então, para os medicamentos, tentando um após o outro. Todas as vezes, funcionava no início, mas depois os desejos de comida de Binstock voltavam. Por fim, Machineni encontrou uma combinação de remédios que teve um efeito duradouro: o remédio contra o diabetes metformin, que pode ter um efeito colateral da perda de peso, e o lorcaserin ou Belviq, uma nova fórmula de emagrecimento que age no cérebro, controlando o apetite.

Binstock perdeu 25 quilos e se manteve assim. "Eu conseguia ver uma comida que amo e dizer: 'Não vou comer", disse Binstock."Nunca mais terei vergonha do meu corpo novamente, nunca", disse ele.