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Sem "Antes e Depois": estudante faz campanha contra esse tipo de foto

Lexie vê como perigosas as fotos de "antes e depois" - Reprodução/Instagram
Lexie vê como perigosas as fotos de "antes e depois" Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

09/03/2017 16h53

Sabe aquelas imagens, muito comuns na internet, mostrando como a pessoa era antes e o que se tornou depois, após lutar e finalmente conseguir alcançar o chamado "corpo perfeito"? A estudante americana Lexie Louise, de 22 anos, decidiu excluir fotos do tipo, mostrando os diferentes estágios de sua recuperação após um distúrbio alimentar, de suas redes sociais.

Ao invés disso, substituiu seu "antes" por um retângulo preto, onde é possível ler os dizeres: "I am so much more than "before" photo" ("Eu sou muito mais do que uma foto de "antes", em tradução livre). Ela ainda criou a hashtag #BoycottTheBefore (#boicoteoantes), exatamente porque esse tipo de foto pode ser alienante para aquelas pessoas ainda em recuperação.

"Muitos de nós, que ainda estamos neste processo, nos sentimos excluídos, pois as pessoas não podem relacionar uma perda de peso chocante ou ganho de peso pós recuperação ao que uma foto mostra. O processo é muito mais complexo", disse para a revista "People".

Lexie encorajou outros sobreviventes de distúrbios alimentares a se juntarem à sua campanha nas mídias sociais, como uma maneira de outras pessoas espalharem a mensagem e compartilharem suas próprias histórias de recuperação. "A decisão em falar sobre o assunto e criar um diálogo aberto parecia simples para mim no início. Honestamente, não estava esperando uma resposta tão incrível", ressaltou.

A hashtag agora tem mais de mil posts no Instagram, incluindo um da modelo ativista do "Body Positive" ("Corpo Positivo", em tradução livre), Iskra Lawrence. Entre outras coisas, ela escreveu: "Eu mesma senti a pressão de publicar imagens de antes e depois para validar que também sofri ... mas isso não está certo, pois não precisamos provar que lutamos, não precisamos sentir que alguém possa ter lutado mais ou menos, até porque nosso próprio antes e depois nem seja tão 'dramático'."

 

(This post is regarding Eating Disorders & recovery NOT the fitness industry / or weight loss) . Please read before passing judgement as this is NOT me telling you NOT to post before and afters or diminishing the achievements and accomplishments of those who are proud of their journeys. I love seeing people celebrating how far they've come and totally get why (myself included) choose to post before and afters. . But let's open the discussion..... #BoycottTheBefore was started by @soworthsaving and I'm so proud to be part of this movement. . I myself have felt the pressure to post before and after pics to validate that I too suffered... but that's not right. We do not need to prove that we struggled, we do not need to feel like anyone may have struggled more or less because maybe there before and after photos aren't as "dramatic". It's not even about that, it's always about how far you've come so @boycottthebefore is here to celebrate YOU right now! To celebrate how far you've come and maybe how far you still have to go - there is no perfect recovery & everyones is completely unique. . I do however want to say I'm not against posting before and afters, I have done so too and will be keeping them up. However this is also a really great message and I hope to see lots of of you tagging me in your pics (I've shared pics of those who tagged me just swipe to see)... I'm forever inspired by the recovery & bopo communities and I'm grateful for every single person who empowers each other and shares their beautiful unique spark with us all. . To read @soworthsaving blog post about this movement go to @neda or http://proud2bme.org/content/eating-disorder-comparison-photos-boycott #NEDA #everyBODYisbeautiful (bikini is @aerie) No makeup no retouching #aeriereal

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Lexie acredita que o hashtag ressoou em tantas pessoas não apenas por causa da mensagem, mas por criar um fórum onde compartilham suas lutas pessoais. "Estou dando a essas pessoas uma plataforma para falar livremente e apoiar uns aos outros", diz. 

A estudante ainda espera que as fotos possam ser educativas tanto para quem está dentro, mas também fora da comunidade de transtornos alimentares. E afirmou até entender que as pessoas compartilham fotos de antes e depois de seus corpos com boas intenções, mas lembra que estão perpetuando estereótipos

Exatamente porque os transtornos alimentares não podem ser documentados através de um simples antes e depois. "Não podemos ver quem está lutando, pois uma pessoa com qualquer peso ou qualquer tamanho pode estar verdadeiramente lutando", afirmou.