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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Existe uma "zumba gospel" e o coreógrafo é um bispo

Thamires Andrade

Do UOL

27/03/2017 13h26

A página de humor Irmã Zuleide compartilhou na semana passada no Facebook uma cena antiga do programa De Bem com a Vida, exibido na Rede Gospel, que mostra um grupo dançando uma modalidade similar à zumba ao som de música gospel. O vídeo foi assistido mais de duas milhões de vezes, viralizou e até recebeu o apelido de "zumba gospel". Ainda que o vídeo tenha sido visto como uma brincadeira, ele mostra a Zoe Dance, uma modalidade criada pelo bispo John Bassi, professor de Educação Física e coreógrafo com experiência na área desde 1997.

Antes de virar bispo, John foi coreógrafo do grupo Axé Blond, além de ter coreografado outros artistas da época, como Rodrigo Pavanello, do grupo Dominó. Em 2001, ele e a mulher, Carol Bassi, que é bailarina clássica, se converteram e no fim de 2014 criaram juntos a Zoe Dance, uma aula de ritmos reformulada com as doutrinas gospel.

"Zoe significa vida de Deus em grego. E a aula tem essa busca pelos princípios de Deus. Nas aulas, falamos sobre o quanto a vida de Deus é abundante. No fundo, é uma aula de dança como qualquer outra, a diferença é que é agregada a princípios", explica John.

Coreografias sem constrangimentos

Para o bispo, a maior diferença entre as aulas de Zoe e de qualquer outra modalidade é o princípio de não vulgarizar o corpo. "Dá para dançar funk sem denegrir o corpo? Sim! E sambar? Também! Nós fazemos tudo isso nas aulas. Essa é a nossa especialidade. Colocar os princípios cristãos na dança", afirma.

Na opinião de John, a aula de Zoe é para qualquer pessoa, independente da religião que segue, e o melhor é que os participantes não ouvirão ou verão nada que seja desagradável. "Tenho três filhos. Sei que posso levá-los para as aulas que não terá nenhuma música ou coreografia que trará qualquer tipo de constrangimento", fala.

Outra premissa do Zoe é ser uma dança alegre e divertida com coreografias simples. "A ideia é que na primeira aula todo mundo já consiga fazer. São movimentos simples e repetitivos e cada movimento é estudado. Fazemos laboratórios para montar as coreografias", conta.

Outro ponto positivo na opinião de John é que as músicas tocadas no Zoe sempre tem uma mensagem de vida de alegria, além de só falar de coisas positivas. "A mensagem é sempre boa, de alegria e de paz. Em uma aula de Zoe, você nunca vai ouvir uma mensagem contra alguém, alguma mensagem ruim ou negativa. O Brasil tem uma qualidade de música gospel incrível. Temos vários ritmos com letras gospel, sertanejo, axé e até funk", fala.

Tiração de sarro

Ciente de que o vídeo de Zoe Dance viralizou no Facebook, John explica que aquelas aulas foram as primeiras da modalidade e que, agora, as aulas estão mais profissionais e as coreografias mais modernas. Para reunir o material, o canal Zoe Dance TV foi criado no YouTube.

Mas, para o bispo, o bom da viralização é tirar o estigma de que "crente não dança". "As pessoas tiram sarro, mas para nós, não tem problema. Achamos legal que o projeto está sendo conhecido. Acho legal tirar esse estigma de que crente não dança. O Zoe é para todo mundo desde crianças até para a terceira idade e não tem nada a ver com religião, mas sim com a vida de Deus”, fala.

John acredita que a modalidade é uma boa opção para quem quer cuidar do corpo e da mente. “Cada um tem seu modo de crer e ter fé, mas muita gente vê no Zoe uma forma de cuidar do corpo e da mente. Já que você gasta calorias na aula, promove saúde e só escuta coisas boas. São 45 minutos de aula só com mensagens de Deus e coisas boas para o espírito. A queima calórica é de até 800 calorias e as coreografias são animadas e cheias de energia”, explica.

Inspiração na Zumba?

John reconhece que as aulas de Zumba são um fenômeno no mundo inteiro, mas descarta que a modalidade tenha servido como inspiração para o Zoe. "São aulas teoricamente similares, mas o Zoe foi criado para reunir aquilo que acreditamos que é bom. Não temos preconceito com nenhuma modalidade ou estilo de dança. Acho que cada um tem sua linha", fala.

Ou seja, o bispo acredita que cada um pode dançar e o ouvir o que quiser, mas o Zoe foca em danças que não denigram o corpo e músicas que não falem mal da mulher. "Acreditamos na visão que Deus colocou no nosso coração e não olhamos para o lado", diz.

John revela que o futuro do Zoe Dance será o lançamento de novas modalidades, como circuitos voltados para quem quer emagrecer e aulas de dança misturados com ritmos de luta.

Hoje, mais de 400 professores estão habilitados a dar aula de Zoe Dance no Brasil. “Em breve, no site da modalidade, será possível descobrir o representante do Zoe mais próximo de você”, fala.

John também planeja expandir a modalidade para outros países. "Já dei curso na Inglaterra, em Porto Rico e na França. E também já dei aulas on-line para professores nos Estados Unidos e na Costa Rica", conta.
A ideia, inclusive, é começar a gravar músicas gospel em outras línguas para compor as aulas da modalidade. "Ao gravar músicas em inglês e espanhol, nós conseguiremos formar mais professores de outras nacionalidades", acredita.