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Câncer de Luiz Melodia é agressivo e mais comum em homens acima de 60

Luiz Melodia morreu na madrugada desta sexta-feira (4) - Lola Oliveira/Brazil Photo Press/Folhapress
Luiz Melodia morreu na madrugada desta sexta-feira (4) Imagem: Lola Oliveira/Brazil Photo Press/Folhapress

Gabriela Ingrid

Do UOL

04/08/2017 16h30Atualizada em 09/08/2017 11h26

O cantor carioca Luiz Melodia morreu nesta sexta-feira, aos 66 anos, em decorrência de um mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer no sangue. Considerada incomum e muito severa, a doença é difícil de ser diagnosticada e ainda não tem cura, por isso é importante se atentar aos possíveis sintomas e fatores de risco para fazer o diagnóstico o quanto antes. “Como o mieloma não tem um único sintoma, os pacientes demoram muito tempo para detectá-lo, e quando o diagnóstico é feito, a doença geralmente já está muito avançada”, afirma Adriana Scheliga, oncologista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Esse tumor maligno se desenvolve nas células do sangue encontradas dentro da medula óssea e fazem parte do sistema imune, que controla infecções no corpo. Dentro desse sistema, vivem as células plasmáticas, que produzem anticorpos. “O mieloma aparece quando uma determinada célula plasmática sofre mutação e, em vez de produzir imunoglobulina, passa a produzir cópias doentes, sem motivo aparente”, explica Scheliga. O crescimento dessas células do mieloma acarretam em problemas no organismo, como anemia, aumento de cálcio, insuficiência renal, quantidade maior de imunoglobulina, lesões nos ossos.

Mieloma acomete mais homens acima de 60 anos

“Como as manifestações são muito comuns e nada específicas, é preciso uma análise aprofundada para definir se uma pessoa está ou não com mieloma”, diz Rosane Isabel Bittencourt, Membro da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e membro do Comitê de Mieloma Múltiplo. A doença geralmente acomete pessoas do sexo masculino, com mais de 60 anos, afrodescendentes e com histórico de membros da família afetados por esse câncer, mas não é impossível outros grupos de pessoas serem afetados. “O único conselho que podemos dar é se atentar para dores nos ossos, cansaço, perda de peso, anemia e problemas no rim, afetando a quantidade de urina por dia. Quando aparecem esses sintomas é preciso investigar”, diz Bittencourt.

Tratamento envolve transplante da medula óssea

Após ter sido diagnosticado com a doença, Luiz Melodia logo começou as sessões de quimioterapia, mas complicações no tratamento o levaram a ser internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), no final de março. Em maio, o cantor passou por uma cirurgia bem-sucedida de transplante de medula óssea, porém a doença não regrediu.

Segundo Scheliga, como o mieloma não tem cura, o transplante é uma boa opção para dar mais qualidade de vida digna e próxima do normal ao paciente. “Mas o procedimento costuma ser indicado para pacientes com menos de 65 anos e que não apresentem outros problemas de saúde associados”, explica a médica.

Depois do transplante, o paciente geralmente precisa de uma consolidação do tratamento com quimioterapia e drogas, mas depende muito do diagnóstico e do estágio da doença. “Por alguma razão, mesmo fazendo o transplante, muitas vezes existem clones e células resistentes que não respondem às terapias realizadas pelo paciente”, diz Scheliga.

Geralmente, o paciente consegue conviver com a doença por um longo período de tempo, mas depende muito de pessoa para pessoa. Cada organismo reage de uma maneira, explicam os médicos.