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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Como Paolla Oliveira, elas aceitaram as coxas grossas e seus corpos

Em entrevista à Boa Forma, Paolla afirmou que passou a aceitar suas coxas grossas - Reprodução/Instagram
Em entrevista à Boa Forma, Paolla afirmou que passou a aceitar suas coxas grossas Imagem: Reprodução/Instagram

Thamires Andrade

Do UOL

11/09/2017 17h30

Em entrevista à revista "Boa Forma", a atriz Paolla Oliveira revelou que lutou com a balança até conseguir se aceitar. "Parei de brigar com as minhas coxas grossas. Aprendi o que funciona para meu corpo e me cobro menos”, disse. Esse mesmo sentimento de aceitação é compartilhado por três mulheres que, depois de muita luta, resolveram aceitar as pernas grossas --uma encanação recorrente em muitas mulheres, não só em Paolla-- e o tipo físico:

O resultado das dietas malucas? Hipoglicemia

Natali Bená, publicitária, 22 anos, parou de lutar contra as coxas grossas depois de ficar com hipoglicemia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"Sempre fui bem encorpada. Era magrela na parte de cima, mas com as coxas bem grossas. Isso começou a me incomodar na adolescência e muito por que a mídia que consumimos mostra o corpo magro, de passarela, como o padrão. Lá pelos 15 anos, comecei a fazer dietas mirabolantes para resolver o meu 'problema'. Comecei a substituir as refeições sólidas por líquidas. No almoço, por exemplo, eu batia legumes e não mastigava nada. O resultado? Fiquei com hipoglicemia e hoje tenho sempre que andar com algo doce por perto, pois se falta açúcar no sangue, a minha pressão cai e eu desmaio.

Desenvolvi essa condição por fazer essas dietas estúpidas, que me faziam emagrecer na parte de cima, mas permanecia com a calça 40. Foi quando comecei a ver que nunca ia alcançar o padrão. Comecei a questionar isso lá pelos meus 20 anos. Sofria muito com essa questão. Depois de fazer uma autoavaliação, passar por um psicólogo e tudo, comecei a me questionar sobre isso. Graças às redes sociais, comecei a ver outras meninas com corpo mais parecido com o meu, mais 'parrudo' e eu achava elas lindas. Aí comecei a me questionar o porquê conseguia achar elas lindas, mas não conseguia me sentir bonita da mesma forma...

Foi aí que resolvi parar de consumir conteúdos que a mídia impõe. Parei de seguir as modelos e passei a acompanhar as meninas comuns. Foi quando comecei a me aceitar.

É um processo diário e longo. Tem dias que você vai acordar se achando feia, mas tem que parar no espelho e se admirar, já que esse processo de auto aceitação não tem fim. Hoje em dia, me alimento melhor, mas não tenho neura com alimentação restrita. Também faço caminhadas todos os dias pela manhã.

Natali Bená, publicitária, 22 anos

Sibutramina, vacuoterapia e o que mais pudesse diminuir as coxas

Thaynara Galvanni, 21 anos, cabeleireira e modelo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"Sempre fui gorda. Mas quando fiz 12 anos, comecei a ficar neurótica com a balança. Nada me servia. Na época, tinha uma calça de tactel com zíper que era meu sonho, mas nunca achava meu número. Encontrei uma parecida e quando fui provar, ela rasgou dentro do provador. Fiquei morta de vergonha. Só usava calça e camiseta e nunca colocava blusa com decote, saia, short... Tudo porque roçava no meio das coxas, a calça jeans sempre rasgava e usar saia e vestido me deixavam assada.

Com 14 anos, comecei a fazer de tudo para emagrecer. Cheguei a tomar sibutramina [medicamento para tratar a obesidade] e emagreci mais de 20 quilos um mês. Quando parei, engordei o dobro. Também fiz dieta com acompanhamento de nutricionista, mas não adiantava, emagrecia e depois engordava de novo. Já fiz drenagem e vacuoterapia na parte interna da coxa, pois tenho muita flacidez. Já fiz muay thai por que falavam que melhorava as pernas. Tudo que recomendavam para emagrecer eu estava dentro.

Foi só quando comecei a namorar que me libertei. Passei a me vestir de forma descolada não só para os outros, mas para mim mesma. Hoje, coloco uma roupa curta tranquilamente, top cropped e saia rasgada. Não importo se aparece celulites ou estrias, pois não tenho mais problema com isso.

Confesso que ainda tenho um pouquinho de neura com a minha coxa quando me vejo pelada por conta da flacidez na parte interna, mas supero isso a cada dia.

Antigamente, nem usava biquíni e maiô. Hoje me sinto livre, mas foi difícil. A auto aceitação é um processo diário, tem gente que tem facilidade maior e outros não, mas mexe muito com o psicológico. Quando você coloca uma roupa curta e está insegura, se alguém olha torto, você já se sente horrível. E nem sempre a pessoa está encarando com maus olhos. Quem fala que se aceitou do dia para noite é mentiroso."

Thaynara Galvanni, 21 anos, cabeleireira e modelo

Fubá nas coxas e pernas enroladas com faixas

Juliana Machado, 35 anos, modelo plus size que passou a aceitar suas coxas - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"A vida inteira tive coxas grossas, sempre fui grandona e sofri preconceito com isso dentro da minha própria família. Como minha irmã era magra, sempre ouvia 'brincadeirinhas' sobre meu peso. Sempre me considerei uma gordinha bonita, mas não gostava das minhas pernas grossas, achava horrível aquela coisa de esfregar uma coxa na outra.

Não conseguia usar um vestido no verão. Então, tomava água com limão em jejum, ficava comendo só um alimento por um tempo, fiz todas essas dietas mirabolantes. Cheguei a passar fubá nas coxas, pois diziam que ajudava a afinar. Enrolava faixa em volta delas para diminui-las na hora de vestir alguma roupa. Sempre fui meio doida. Em 2006, fiz uma dieta e emagreci 17 quilos, mas achei que meu rosto ficou estranho.

Nesse período, não fui feliz, era escrava do que eu comia. Busquei tanto o resultado de diminuir as minhas coxas e, no fim, elas nem reduziram. Foi quando entendi que você pode ser bonita do jeito que você realmente é: gorda, magra, alta, baixa, com coxas grossas ou finas.

O que realmente importa é sua essência. O único resultado positivo da dieta foi aprender a me amar do jeito que sou.

Não tem jeito, meu biótipo é esse e não vai mudar. A moda dita muitas coisas, mas não precisamos ser escravas disso. Hoje eu sou gorda e feliz, não tenho complexo e sou bem resolvida, basta realmente se aceitar. Quando entrei no universo plus size e comecei a trabalhar como modelo isso também aumentou minha confiança. Não é por que sou modelo plus size que posso comer o que quiser e deixar minha forma físico de lado. Eu malho e adoro fazer exercícios para a perna. Sempre me cuidei e sou vaidosa. Sabe o que é mais engraçado? Hoje em dia a parte que mais gosto em mim são as pernas.

Juliana Machado, 35 anos, modelo plus size