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Camisinha feminina é forma de dar autonomia para as mulheres se protegerem

Preservativo feminino - Thinkstock
Preservativo feminino Imagem: Thinkstock

Thamires Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro*

16/09/2017 04h15

De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 10 milhões de camisinhas femininas são distribuídas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A cifra até parece alta, mas, quando comparada com a distribuição de preservativos masculinos (375 milhões), é ínfima. Para reforçar o uso do preservativo, organizações internacionais e ativistas criaram o Dia Internacional do Preservativo Feminino, celebrado neste sábado (16).

Ainda que o uso da camisinha feminina seja pouco difundido, uma das grandes vantagens é dar controle para que a mulher se proteja da Aids e das DSTs, sem depender do parceiro. A negociação do uso da camisinha masculina é complicada, prova disso são os relatos da prática de stealthing, também conhecido como “golpe da camisinha”, quando o parceiro retira a camisinha sem consentimento durante o sexo.

Em conversa com o UOL durante o XX Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado no Rio de Janeiro, Adele Benzaken, diretora de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, afirmou que o preservativo feminino é mais uma forma de dar autonomia às mulheres.

Queremos que a população conheça o preservativo feminino. No passado, as mulheres viam suas vaginas como um buraco negro, não olhavam e sequer se tocavam. Hoje, isso mudou graças aos absorventes internos, coletores menstruais e anéis vaginais. Eles contribuíram para que a mulher passasse a se tocar sem tanto tabu.


Outra vantagem da camisinha feminina listada por Adele é a proteção. Por recobrir todo o colo do útero e os grandes lábios, o preservativo feminino protege de mais infecções sexualmente transmissíveis, como herpes e cancro mole.

Opção para alérgicos ao látex

Por ser feito de borracha nitrílica, um material antialérgico, é uma boa opção para pessoas que são alérgicas ao látex. “A camisinha chegou ao mercado brasileiro em 1997 e, no começo, as mulheres reclamavam muito dos barulhos que ela fazia. Mas esse novo material trouxe mais conforto e não tem mais essa questão do ruído”, fala.

Nada de esperar a hora H

Uma das diferenças cruciais do preservativo feminino para o masculino é que ele pode ser colocado horas antes do ato sexual. Ou seja, não depende de uma boa ereção para estar devidamente colocada. "Dá para colocar de seis a oito horas antes da relação e não incomoda andar com ela, você nem sente. Depois do sexo, ela precisa ser retirada e nunca reutilizada", ensina Adele.

Como usar?



O preservativo feminino é bem maior que o masculino e tem dois anéis flexíveis. Um é móvel e fica na extremidade fechada, servindo de guia para a colocação do preservativo no fundo da vagina. O segundo, na outra ponta, é aberto e cobre a vulva (parte externa da vagina).

“Depois da relação, você torce a parte externa, para impedir que o esperma escorregue para a vulva, puxa e acabou. Pode fazer isso imediatamente depois do fim da relação”, explica a diretora de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Também não é necessário o uso combinado de espermicidas e microbicidas. “Existem vários estudos sobre espermicidas e microbicidas, mas não chegaram a um bom ponto de eficácia. Portanto, não é preciso utilizá-los, basta a proteção mecânica da camisinha, quando colocada corretamente”, diz.

Ou uma ou outra

Ainda que a vontade de se proteger de uma gravidez ou DSTs seja grande, não dá para usar o preservativo feminino e masculino concomitantemente. “O casal vai precisar escolher. Ou um ou outro”, fala.
Além do Ministério da Saúde distribuir os preservativos femininos gratuitamente em algumas ações, eles também podem ser encontrados em unidades de saúde do SUS.

Eles também podem ser adquiridos em farmácias e sex shops, mas tem um preço mais salgado em comparação ao masculino. Enquanto a camisinha feminina custa, em média, R$ 9 por unidade, a masculina sai por R$ 5 com três unidades no pacote.

A jornalista viajou a convite da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).