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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Conheça 7 novos métodos usados para tratar dores crônicas

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Deborah Giannini

Colaboração para UOL

10/11/2017 04h00

A professora Maria Cristina Mazzocchi, 64, sabe como ninguém o que é uma dor crônica. Desde a adolescência, ela sentia fortes dores de cabeça, praticamente todos os dias. Não havia remédio que cessasse. “Passei por oito neurologistas e todos trataram como enxaqueca. Em 2012, tive uma grave crise e mesmo altas doses de morfina não tiraram a dor”, afirma.

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Mas o caso de Maria Cristina teve um final feliz. Há cinco anos, ela não sente mais dor. Após uma investigação no Hospital das Clínicas, em São Paulo, descobriu-se a origem do problema, que nada tinha a ver com enxaqueca. Devido a uma alteração congênita, os nervos occipitais, que vão da cabeça à base do pescoço, interpretavam as contrações musculares dos ombros como dor. “Iniciei um novo tratamento com medicação adequada, mas esse remédio parou de ser fabricado. Então fiz uma cirurgia que mudou minha vida. Sabe quando você renasce? Achavam até que eu estava apaixonada, de tão leve que ficou meu semblante”, afirma.

Dor nas costas - iStock - iStock
A dor nas costas também pode ser tratada com atividade física, reabilitação, acupuntura e meditação
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Do Botox à estimulação magnética: veja novos tratamentos da dor

Dores crônicas são aquelas sentidas a maior parte do tempo por mais de três meses. Entre as mais comuns estão as nas costas, na cabeça, as musculoesqueléticas e as neuropáticas. Cerca de 40% dos brasileiros sofrem de dores crônicas, de acordo com um estudo realizado pela SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor). A prevalência maior é entre as mulheres, que se queixam principalmente de dores difusas, em várias regiões do corpo. Já a dor nas costas é a mais comum entre os homens.

Substâncias já utilizadas na medicina, como a melatonina e a toxina botulínica, estão ganhando novos usos no combate às dores crônicas. Mas novos métodos também ganharam espaço.

Confira alguns:

1. Toxina botulínica: Popularmente conhecida como Botox, a toxina botulínica bloqueia a transmissão do estímulo nervoso que produz a contração muscular. Apesar de ser utilizado em tratamentos estéticos, ela também promove o relaxamento muscular, usado no tratamento para enxaqueca e reabilitação do AVC, e é capaz de tratar dores neuropáticas, decorrentes de algumas doenças como diabetes e herpes zoster, e do tratamento de quimioterapia. “A toxina age nos nervos sensitivos, diminuindo o disparo das células da sensibilidade. É algo totalmente novo”, afirma o neurologista Daniel Ciampi, da Divisão de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. A aplicação é subcutânea. O tratamento consiste em uma aplicação a cada três ou seis meses. Cada injeção custa em média R$ 2.000. “A aplicação é um pouco dolorida, mas é possível fazer anestesia local”, explica Ciampi. Esse novo uso da toxina botulínica ainda não é oferecido pelo SUS.

2. Melatonina: Ainda em fase de testes clínicos, o hormônio do sono mostrou eficácia contra dores neuropáticas. “Fizemos uma pesquisa que mostrou a melatonina como excelente opção no tratamento preventivo da enxaqueca, melhor tolerada e tão eficaz quanto a amitriptilina [princípio ativo de medicamento utilizado para prevenir enxaqueca]”, afirma Mario Fernando Peres, neurologista especializado em cefaleias do hospital Albert Einstein, que já usa a melatonina para o tratamento da enxaqueca.

Botox - iStock - iStock
Além dos tratamentos estáticos, o botox também é usado no tratamento de enxaqueca
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3. Estimulação magnética transcraniana: Ela já é utilizada em clínicas médicas, mas ainda não disponível pelo SUS. Sua ação é no sistema nervoso central, induzindo a liberação de substâncias analgésicas do próprio corpo. De acordo com Ciampi, traz benefícios para alguns tipos de dor como a fibromialgia e as dores neuropáticas. O tratamento compreende uma sessão por dia, por uma semana, seguida de manutenção quinzenal ou mensal. O custo de cada sessão é de R$ 400, em média.

4. Lidocaína: Apesar de ser um anestésico antigo, ele acaba de ser lançado em emplastro, para aliviar dores neuropáticas localizadas. A medicação penetra na pele e bloqueia terminações nervosas que estão na epiderme e que levam o estímulo doloroso ao cérebro.

5. Opioide buprenorfina: Também em formato de adesivo, o analgésico, utilizado para dores musculares e neuropáticas, tem ação diferente. Seu efeito não é apenas local e a pele é um meio para transmitir o medicamento ao organismo. “Não depender da digestão é uma qualidade, pois fica mais estável no sangue e a pessoa não corre o risco de esquecer de tomar nem de tomar demais”, afirma Ciampi.

6. Anticorpos monoclonais: Em relação à dor de cabeça, segunda dor crônica mais incidente, uma nova classe de medicamentos especialmente desenhada para o problema deve chegar ao Brasil em 2018, segundo Ciampi. São os anticorpos monoclonais contra o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). Eles bloqueiam a ação do CGRP, substância liberada pelos nervos que provoca a vasodilatação e inflamação ao redor dos vasos sanguíneos, dando início à crise de enxaqueca. “65% das pessoas que tomam analgésico para enxaqueca por mais que 10 dias por mês começam a cronificar a doença”, afirma Norma Fleming, da SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor) e da ABN (Academia Brasileira de Neurologia).

7. Antidepressivos e anticonvulsivos: Eles atuam no cérebro para mobilizar o sistema analgésico central e atuam no tratamento de dores neuropáticas. “Utilizamos os efeitos analgésicos desses medicamentos. O uso de antidepressivo não quer dizer que a dor seja um tipo de depressão”, afirma. “Quando se trata um paciente, por acaso, com depressão e dor neuropática, ele não melhora das duas coisas. O efeito é dissociado. Em geral, a melhora da dor vem antes e a da depressão, se acontecer, depois”, completa. Dores crônicas, em geral, provocam alterações emocionais, segundo Norma: “É impossível ter dor crônica e não ter alteração emocional. Ela vem depois da dor, mas há casos em que a dor é um sintoma físico da depressão. O paciente tem uma dor crônica, vai investigar e descobre que ele tem uma depressão que não tratou.”