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Mulheres contam como é ser o terceiro elemento de um relacionamento aberto

Conheça histórias de pessoas que vivem um relacionamento aberto - Getty Images
Conheça histórias de pessoas que vivem um relacionamento aberto
Imagem: Getty Images

Helena Bertho

do UOL

05/01/2018 04h00

Muito se tem falado das novas formas de relacionamento: poliamor, amor livre, relacionamento aberto têm sido alternativas para casais que questionam a monogamia. E quando uma relação se abre, outras pessoas passam a fazer parte dela. Como será se envolver com alguém que já tem alguém? Aqui, três mulheres contam.

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"É gostar de alguém, sem poder me apaixonar"

"Eu o conheci em uma sala de estudos no meio do ano. Assim que me chamou para sair, ele me contou que tinha um relacionamento aberto. Como eu nunca tinha passado por algo assim, pensei que podia ser uma noite divertida e resolvi testar.

A gente começou a sair, mais ou menos, uma vez por semana, mas nos víamos com mais frequência, porque frequentamos o mesmo lugar. E começou a ficar estranho para mim. Nossos encontros foram intensos desde o primeiro dia. Ele dormia na minha casa, fazíamos café juntos, como um casal normal. Mas ele falava bem pouco da namorada e eu não perguntava muito, só me certifiquei com ele algumas vezes sobre ela estar ciente.

O problema é que na faculdade, onde eu o encontrava quase diariamente, nosso contato era quase de desconhecidos. Mal trocávamos palavras. No último mês, ele disse que tinha terminado e que não queria se relacionar com ninguém. Resultado, continuamos no mesmo ritmo.

Para mim, é uma experiência totalmente limitadora. É estar com alguém que eu gosto, que me dava constantes sinais de reciprocidade, mas ainda era alguém por quem eu não poderia me apaixonar nem criar um vínculo. 

Sem contar que ele nunca me deixou claro os limites da abertura do casal. Eu fico me perguntando se ela sabe que ele dormia comigo... Eu, com certeza, não achei essa experiência positiva. É confuso demais! Por mais que não queira terminar, acho que não posso continuar uma relação assim".

Depoimento de Larissa*, 21, estudante.

"Pude viver o amor graças a isso"

"Foi em 2015. Um grande amigo por quem eu era apaixonada terminou um namoro antigo e começou uma relação aberta com outras duas pessoas ao mesmo tempo. Então bateu em mim um arrependimento de nunca ter dito que era a fim dele e resolvi contar.

Ele levou um mês pensando, até que decidimos tentar. Sim, eu era o quarto elemento e dividia ele com mais duas pessoas! Mas eu já acreditava em relações abertas na época e o ciúme era uma questão que eu me esforçava para controlar.

Meu maior problema, na real, foram as pessoas ao meu redor, que me julgavam. 'Como você se sujeita a isso?', perguntavam. Sendo que para mim era uma opção. Outro ponto complicado é o tempo. É muito difícil administrar: ele não tem como dar atenção para todo mundo o tempo todo. Então eu acabava o vendo menos do que gostaria. 

Mas acho que tudo isso foi compensado pelo fato de ele estar numa relação aberta que permitiu estarmos juntos. Depois de seis meses, ele acabou ficando confuso com tudo isso e terminou todos os namoros.

Eu ainda me envolvi com outros caras em relações abertas, mas foram coisas mais casuais. Nas outras vezes, o problema foi sempre a questão de que talvez a outra mulher não soubesse do que estava acontecendo. É uma insegurança bem ruim, de imaginar que talvez você esteja com alguém que está traindo".

Depoimento de Glória*, 32, fotógrafa

"Tive receio, mas acabou sendo ótimo"

"Eu comecei a ficar com ele sem compromisso, já sabendo que tinha um relacionamento aberto com outras duas mulheres. Eu conhecia uma delas, porque era todo mundo amigo meu. Não teve uma conversa em que ele me informou disso.

No começo, fiquei desconfiada. Tive medo dele ser um daqueles caras que fica com as meninas, mas elas não podem sair com ninguém. Ou de ser do tipo que quer sair com todo mundo, mas não assume responsabilidade emocional com ninguém.

Tranquilizei-me quando descobri que uma das meninas que ele sai tem outro namorado. Isso me fez ver que ele não era machista nem abusivo. Aí as coisas começaram a evoluir e a relação foi ficando mais estável e séria. Estamos juntos há quase 10 meses.

Para mim, a principal questão de estar com alguém que já tinha uma relação aberta é que preciso sempre ter em mente que a programação das coisas envolve outras pessoas além de mim e também ter de lidar com coisas como ciúmes e posse. Mas é bom que temos conversas muito honestas sobre tudo e, claro, existe a possibilidade de ficar com outras pessoas sem culpa".

Depoimento de Larissa, 26, arquiteta

*As identidades foram preservadas a pedido das entrevistadas