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10 frases que não se fala para uma mãe que trabalha fora

O palpite alheio vem junto com a maternidade. E se a mulher trabalha fora, dá mais margem para intromissões desnecessárias - Getty Images
O palpite alheio vem junto com a maternidade. E se a mulher trabalha fora, dá mais margem para intromissões desnecessárias
Imagem: Getty Images

Claudia Dias

Colaboração para o UOL

06/10/2017 04h00

Se existe um lado bem chato da maternidade, certamente é lidar com o pitaco alheio. E se a mulher trabalha fora, por opção ou necessidade, ainda dá margem para mais uma enxurrada de intromissões desnecessárias. Conversamos com mães que revelaram algumas coisas ouvidas por não abrirem mão da carreira. 

"Não dá para ser boa mãe e boa profissional"

Até hoje a advogada Denise Vieira não esquece as palavras que questionaram seu profissionalismo no momento em que quis ser mãe. "Entrei numa onda de 'esconder' a maternidade. Preferia mentir que tinha um almoço mais demorado a dizer que havia saído do escritório para levar as meninas para a escola", revela.

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"É um absurdo fazer filho para ser criado pela escolinha"

A assessora Danielle Dendi não entende como as pessoas não aceitam uma mulher equilibrando emprego, casa e família. "Meu trabalho é justamente para oferecer uma boa escola, comida, vestuário, entre outras coisas, e isso não diminui em nada o que eu sinto pelos meus filhos. São eles que me dão força para levantar todo dia e conquistar mais e mais. Além disso, crianças crescem e se desenvolvem muito rápido, criam defesas naturais, interagem etc. Escolinha é importante para elas".

"Seu marido ganha bem. Você pode ficar em casa com as crianças"

A gerente de marketing Jéssica Ramires nunca considerou deixar de trabalhar, mas ouviu algumas "pérolas" com essa aí. "O que mais me incomoda é a pressuposição de achar que, apesar de contribuir igualmente com a renda da família, o marido é o único profissional de sucesso. E que eu só trabalho por dinheiro. Afinal, para quê realização profissional?", ironiza.

"Ela não vai chamar você de mãe!"

A bancária Bruna Medeiros foi alvo de uma acusação verbal, que a afetou bastante. "Me desvalorizou como mãe! Naquele momento, me assustou pensar que minha filha não me reconheceria como sua mãe. Mas, graças a Deus, isso não aconteceu", comenta.

"Que judiação ela ir para uma creche tão cedo"

A psicóloga Érica Queiroz Canello também não escapou do julgamento que chega a boa parte das mulheres, que deixam os filhos em creches, escolinhas ou com babás e avós. "Judiação é criança sofrer maus tratos, não acha?", pergunta.

"Desde que você engravidou, não tem se esforçado"

A jornalista Bete Monta coleciona frases que não gostaria de ter ouvido ao longo da carreira. Não só a gravidez, mas também sua filha foram motivo para conversas como essa aí em cima. "Escutei cada uma... Teve até: 'Se você não der conta por causa da filha, melhor pedir demissão'".

"Você prefere cuidar dos filhos dos outros e abandona os seus"

Foi em casa que a professora Suzana Cristina ouviu a frase que mais a fez sofrer, questionando sua vontade de lecionar. E partiu do próprio marido, que repetiu a sentença na frente dos filhos. "Meus filhos diziam: 'Mamãe, não vai'. Confesso que, por muito tempo, vivi com culpa, achando que não era boa mãe. Era muita pressão", lamenta.

"Se você for trabalhar, vou sair do meu emprego"

Aos 26 anos, a jornalista Lara Antonieta foi confrontada pelo parceiro (hoje, ex-marido). "Ele não queria que eu deixasse nossos filhos com meus pais enquanto estivesse fora. O salário que eu ganharia era muito inferior ao dele. Fiz uma escolha baseada em chantagem emocional e me incomodou muito não poder continuar minha carreira na TV. Éramos casados há pouco tempo e não esperava atitude vinda do homem que era meu marido e que sabia da minha paixão pelo meu trabalho", queixa-se.

"Você acha que vai conseguir estudar, trabalhar e cuidar do seu filho?"

Aos 18 anos, a estrategista Ana Sasso foi sabatinada de maneira bem inconveniente para um emprego. "Não acreditei que duvidaram da minha capacidade e por ter sido outra mulher, profissional de RH, quem disse isso. Fui chamada para trabalhar, mas recusei por motivos óbvios", relembra.

"Mas, cadê ele"?

Ana, aliás, tem uma coleção de perguntas sem-noção na ponta da língua, que incluem tolices do tipo "Você não sente falta, nem fica com saudade?". "Até hoje me perguntam por que meu filho não está comigo. Até em cursos! Agora, só dou risada e falo: 'Putz, sabia que estava esquecendo alguma coisa...".

* Alguns nomes foram alterados a pedido das entrevistadas.